“Quando alguém diz que tem Unimed, não importa se é de Maringá, Curitiba ou São Paulo — na cabeça das pessoas, a Unimed é uma só.”
Nos últimos dias, o nome da Unimed voltou a circular nas redes sociais após o anúncio de um possível vazamento de dados atribuído ao grupo hacker Sarcoma.
A repercussão foi imediata — afinal, estamos falando de uma das marcas mais conhecidas e respeitadas da saúde brasileira.
A Unimed do Brasil divulgou um comunicado afirmando que está acompanhando o caso e que, até o momento, não há evidências de comprometimento dos sistemas centrais nem impacto direto a clientes ou cooperados.
No entanto, já se passaram vários dias sem um posicionamento definitivo — e o silêncio começa a gerar um desconforto legítimo entre pacientes e profissionais.
Quando o silêncio se torna mensagem
Vivemos em um tempo em que a ausência de resposta também comunica.
Quando o cliente, o cooperado ou o cidadão não encontra informações claras sobre um incidente de segurança, ele preenche o vazio com o que tem à mão: dúvidas, medo e especulação.
Em temas que envolvem dados pessoais e confiança institucional, o silêncio é um ruído grave — e prolongado, torna-se sinal de negligência comunicacional.
O paradoxo do sistema Unimed
O comunicado oficial da Unimed do Brasil destaca que o sistema é composto por cooperativas juridicamente independentes, cada uma com estrutura administrativa e tecnológica própria, e que eventuais incidentes locais não impactam diretamente a rede nacional.
Essa explicação é tecnicamente correta, mas socialmente frágil.
O público não reconhece “300 Unimeds” diferentes — reconhece uma marca única de confiança.
Quando uma parte da rede sofre, a percepção de risco atinge o todo.
Editorial – O Rompimento do Establishment
Ao afirmar que o Sistema Unimed é composto por cooperativas juridicamente independentes e que eventuais incidentes locais não impactam a rede nacional, a instituição rompe, ainda que de forma sutil, com o próprio discurso do Establishment.
O Establishment se caracteriza pela defesa incondicional da unidade institucional — o “nós” acima do “eu”. Ele existe para preservar a imagem coletiva, proteger o sistema e transmitir estabilidade. Quando uma entidade nacional se apressa em destacar a independência jurídica de suas regionais, ela troca o discurso da coesão pelo da isenção.
Sob o ponto de vista técnico, a afirmação é correta. Mas sob o ponto de vista simbólico, ela abre uma fissura: o paciente, o cooperado e a sociedade não veem múltiplas Unimeds — veem uma única marca de confiança.
Ao individualizar a responsabilidade, a Unimed tenta se proteger do risco jurídico, mas acaba se afastando da sua força histórica — a UNIDADE.
Em tempos de crise, a transparência deveria unir, não fragmentar. O verdadeiro gesto de maturidade institucional não está em negar a conexão, mas em reconhecê-la e cuidar dela com verdade.
Accountability: o dever de prestar contas
A LGPD estabelece em seu artigo 6º, inciso X, o princípio da accountability — a responsabilização e prestação de contas.
Isso significa que não basta estar em conformidade, é preciso demonstrar as medidas adotadas e comunicar com clareza o que está sendo feito para proteger dados pessoais.
Accountability é o oposto do silêncio:
é olhar o público nos olhos e dizer “aconteceu, e aqui está o que estamos fazendo para resolver”.
O que o caso Unimed ensina
A Unimed do Brasil afirma manter um Programa Nacional de Governança, Segurança e Privacidade de Dados, voltado a nivelar práticas e fortalecer a resiliência cibernética.
Essa iniciativa é positiva, mas não basta existir — precisa ser visível.
Transparência é o alicerce da confiança.
E confiança, uma vez abalada, não se reconstrói com comunicados genéricos, mas com informações objetivas, tempestivas e auditáveis.
Conclusão – O silêncio que fala
Até agora, o comunicado da Unimed ficou no ar.
Nenhum parecer técnico, nenhuma atualização concreta.
E aí surge a pergunta que ecoa entre clientes e profissionais:
Vai ficar por isso mesmo?
Quem cuida da saúde de milhões de brasileiros precisa também cuidar da saúde da informação.
Transparência não é fraqueza — é maturidade.
E, diante de um possível vazamento, o silêncio não protege a marca, apenas adia o impacto.
A Unimed tem força, estrutura e reputação para dar o exemplo.
Falar com clareza agora seria o maior gesto de respeito aos seus clientes.
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Este artigo tem caráter técnico e educativo. As análises apresentadas baseiam-se em informações públicas e refletem o compromisso da Tec-in-One com a transparência, a governança e a ética no tratamento de dados.
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